Conceito nasce da junção da intuição e interpretação humanas com a capacidade de coleta e catalogação massiva de dados das máquinas.
Inteligência de mercado é uma prática extremamente complexa, mas ao menos sua definição é simples.
Vamos a ela.
Inteligência de mercado consiste na descoberta, coleta, organização, classificação, análise e armazenamento de dados visando respaldar os esforços dos departamentos de marketing das empresas e demais organizações.
Os objetivos de um departamento de marketing, em um passado já distante, se resumiam a aumentar vendas e lucros. Nada mais.
Hoje, isto mudou. O marketing segue buscando fazer as empresas venderem e lucrarem (provavelmente, sempre seguirá) – mas, atualmente, também se preocupa com a boa imagem da organização perante a opinião pública, por exemplo.
Ou com a antecipação de tendências futuras, não apenas econômicas, mas também comportamentais, as quais possam afetar as companhias – ou então lhes dar a oportunidade de se posicionarem a favor do espírito do tempo (o zeitgeist, no famoso termo da língua alemã).
São tarefas complexas. Para serem realizadas, precisam da intuição humana – mas não só. Necessitam, sobretudo, de dados. Muitos dados: na verdade, de uma quantidade quase incalculável de informações, as quais são processadas por máquinas, mas interpretadas por homens e mulheres.
À quantidade gigantesca de dados a que nos referimos, dá-se o nome de Big Data.
A interpretação do Big Data de determinada atividade econômica é tarefa de seres humanos, conforme dissemos, mas não é mais possível ser levada adiante nos dias de hoje sem a ajuda da Inteligência Artificial (IA), pois como observamos o volume de tais dados ultrapassa em muito a capacidade humana de mensurá-los.
Portanto, a inteligência de mercado se faz através da soma de pessoas com máquinas. Ela carrega dentro de si o rastreamento de informações, sua interpretação e a colocação dos resultados obtidos a serviço de todo o restante da companhia por parte do departamento de marketing.
Não é possível de ser feita sem Big Data e sem Inteligência Artificial.
Mas também não é possível de ser feita sem homens e mulheres de carne e osso colocando sensibilidade e percepção (feeling) humanas no trato dos dados em estado bruto que as máquinas entregam.
Isto acima elencado (a soma de tudo isto, na verdade) corresponde à inteligência de mercado.
Inteligência de mercado: como aplicar
A inteligência de mercado contemporânea, aquela que hoje é praticada nas grandes corporações, é fruto da transformação digital pela qual o planeta passou nas últimas décadas.
Esta transformação digital é irreversível; o progresso tecnológico não tem como recuar. A inteligência de mercado que dele nasceu, por consequência, é também irreversível para formas passadas – embora, certamente, irá ainda evoluir muito em direção a formas futuras.
A transformação digital é um movimento complexo e extremamente abrangente: empresas digitalizam processos, digitalizam atividades e passam a agir baseadas em dados, e na análise dos mesmos.
A coleta de dados, e sua análise, já sabemos, são a essência da inteligência de mercado e são de responsabilidade dos departamentos de marketing.
As consequências da transformação digital são percebidas sob três ângulos:
- Tecnologia – A sofisticação digital, a inteligência artificial, geram resultados conforme são adequadamente usadas. Mas a expansão de sua marca na maneira como as empresas trabalham é exponencial;
- Demanda – Consumidores são o norte das companhias. Não há mais como impor demanda; as possibilidades de escolha hoje são muitas. Vence quem entrega o que o mercado pede – com a ressalva de que deve fazê-lo seguindo parâmetros éticos;
- Comportamento – O cliente omnichannel, de comportamento repleto de facetas, é o cliente dos dias atuais – e dos dias futuros. Ele, muitas vezes, está menos interessado em possuir o produto do que em usufruir do mesmo. A tendência à busca por experiências, em vez da mera compra de bens, foi detectada primeiro pela inteligência de mercado de várias empresas, a anos atrás.
A correta aplicação dos três elementos colocados no centro do mundo corporativo pela transformação digital (tecnologia, demanda e comportamento) é o principal fator de uma aplicação correta da inteligência de mercado.
Como montar uma área de inteligência de mercado em sua empresa
Mesmo que você parta do zero, é plenamente possível erguer um departamento de inteligência de mercado em sua companhia.
Há consultorias especializadas nesta atividade, você pode recorrer a elas. Porém, se tiver tempo e estudar razoavelmente o assunto, conseguirá fazê-lo sozinho.
Não contrate o maior número possível de profissionais; contrate o número adequado de profissionais, e os remunere bem. Uma equipe enxuta, motivada por bons rendimentos e movida a desafios é o ideal para a futura área de inteligência de mercado de sua empresa.
Gaste dinheiro com tecnologia de ponta. Hardware e software modernos serão vitais para o êxito de sua área de inteligência de mercado.
Deixe bem claro para sua equipe do departamento de marketing (que será a sua equipe de inteligência de mercado) quais são seus objetivos: maximizar o fluxo de caixa ou focar-se na lucratividade? Você quer vender mais por menos ou vender menos por mais?
Ambas as opções são legítimas. Mas quem decide qual será a melhor é você; depois, comunique esta decisão ao marketing – e aguarde os resultados.
Por fim: retenha os talentos que atraiu para o recém-criado setor de inteligência de mercado de sua companhia.
Trate a todos com gentileza. Considere suas dores, e na medida do possível ajude cada um de seus colaboradores a superá-las. Respeito e cortesia não geram custos, mas podem muito bem gerar receitas.
Estas são as ideias que eu, Eduardo Maróstica, coloco à sua disposição em se tratando de inteligência de mercado.
Vamos falar mais a respeito?